Como fomos ensinados a nos odiarmos
Medos, inseguranças e incertezas. Quem nunca se viu preso a uma dessas encruzilhadas da vida? Sentiu-se impotente a tomadas de decisões, foi tomado por um sentimento de incapacidade e repetiu caladamente: Eu não consigo. Eu mesma já me disse em diversos contextos, de esportes a educação, sempre era aquela que não confiava nas próprias capacidades. Por medo ou por autossabotagem, eu repetia essas duras penas e novamente confirmava uma meia verdade, que tomava como absoluta.Cresci e o medo do incerto nunca se esvaiu. Medo de ser julgada e apedrejada pelas nossas escolhas. Medo de ser lembrada pelas nossas falhas. Medo do adeus que eu nunca fui capaz de dizer. Ou os sentimentos que por medo, fui-me obrigada a soterrar. Os ecos ainda estão em minha cabeça, sussurram como lobos ferozes, como a multidão de juízes da vida alheia.
Crescemos com julgamentos por não entrarmos em um padrão, como se o final deste arco iris vendido jazeria nossa felicidade. Vivemos na ilusão desse pote de ouro imaginado. Cortamos e nos polimos para entrar na maldita forma, a moldar e fechar nossa própria essência.
Vivo esse anacronismo, de ter me fechado e pouco desenvolvido em algumas esferas. Te ter sido ensinada a me odiar pelo que eu era, pelo que eu sou e mais ainda pelo que poderia ter sido. E não o fui.
A mim me ensinaram a odiar o meu próprio corpo, que deveria ser apenas uma casca, usada para externalizar o que tenho por dentro. A sentir que nunca era o bastante, que nunca era o suficiente. A me culpar por todos o tropeços da vida, e minhas barreiras de pedra. A um sentimentalismo duro, fechado demais. Saíram dali e deixaram a muralha inteira e as ruínas dentro.
E a você, o que lhe ensinaram a odiar em você mesmo?
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