Contos Aleatórios #3 - Um beijo (im)possível?

quarta-feira, julho 20, 2016 Fernanda Alves 0 Comments

Ps: Antes de mais nada, isso é baseado em uma história que não é minha, é de um amigo. Ele relatando um fato somado a minha mente viajante, leva a este pequeno texto.


Um beijo (im)possível?


Em verdade, eu já te observava há muito tempo. Numa época que eu era um moleque, cabeça de vento e perdido em muitos pensamentos. Eu estava aquém e muito além de você. Eu era nada.
A terra, a bailar em seus movimentos ordenados, permitem que anos se passem. Este tempo leva-me embora em sua viagem doida, me lapida e me quebra. Me muda de forma que eu nem me lembraria de quem eu era. Anos, há muitos anos.
Outros pequenos amores passaram; alguns amores curtos com a florada dos ipês, outros longos como noites de inverno e aqueles tão curtos quanto o bater de asas de uma borboleta. Pessoas passaram nessas vias tortas de minha vida e eu me esqueci de você. Por este delta no tempo, eu esqueci do ser inalcançável de minha adolescência.
Mas o tempo gosta de brincar, deixar as mãos do meu destino para um bobo da corte, apenas por diversão. Quer me testar e rir da história. Quer jogar na minha cara o improvável e mostrar que eu não sei de nada.
Após este intervalo, lá estava você. Continuava linda e eu, descrente. Eu? Que chance teria. Por mais que você tentasse me dizer, eu fechava meus olhos a qualquer possibilidade.   Era show, era meu espaço, era meu habitat natural. Nas trocas de bandas, você conversa sobre o universo e tudo mais, abria o leque e tentava falar o máximo possível. Eu porém, ainda desacreditava. Duvidava piamente, achava que era mais um blefe do destino, que curtia muito brincar comigo. "A vida é um jogo" e se tratando de amor, eu sou o perdedor.
A noite foi adentrando-se, aos poucos me convenci que aquele amorico adolescente poderia ser real. Mas eu precisava de apenas uma brecha, um momento eu e você. Momento que nunca surgia. Amigos que não desgrudavam: Percebi que durante o show seria impossível. E se saímos juntos após? Bem que eu queria, mas lá estávamos com amigos em comum, que não nos deram uma única brecha. Não importa, no bar ou no carro, não havia brecha.
Eu peguei em sua mão e  você a segurava. Seu doce toque já dizia a verdade que meus olhos se recusavam a ver. Mas é necessário sentir. Senti que no final, ficou nisso mesmo.  Eu apenas queria alguns poucos minutos a sós. Eu juro! Minha trava não deixou agir antes, minha dificuldade em me ver como alguém apto a você me silenciou. E agora eu só penso nessa noite e no que poderia ter sido e no que poderá ser...

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