Sereia

sexta-feira, dezembro 25, 2015 Fernanda Alves 0 Comments



Com mil tons de tinta, o mar floreia
Escreve teus versos ao léu, na areia
Teu cabelo vermelho, na noite é lareira
A água, com tua cauda, perneia
Com um sorriso, o céu clareia
Ser-ei-a!

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Contos Aleatórios #1

domingo, dezembro 20, 2015 Fernanda Alves 0 Comments

Um Conto escrito a Lágrimas e Sangue



E no canto da cela, curvado e repetindo as mesmas frases de sempre com seu olhar moribundo e penetrante, lá estava ele. “Venha, precisamos conversar” e o homem permaneceu em seu movimento de vai e vem assíncrono, seus olhos eram como o mar aberto em dia de tempestade: te cativa, te faz lançar-se ao mar para no fim te naufragar em sua mente doentia.
Indago-o sem resposta e o homem continuava em seu movimento perpétuo, como um pêndulo a deslizar grosseiramente, para lá e para cá. Este homem, que em tempos atrás, você partiria tranquilamente da premissa de sua total sanidade, não aparentava ter nenhum comportamento violento. Seria chamada de “homem de bem”, “homem honesto” e “homem correto”, entretanto nunca aprendeu o real sentindo do amor e sua forma cadenciada de desapego. Era daqueles que se escondiam na faceta de bom moço, mas em verdade era extremamente inseguro e escondia todos os medos na forma de possessão. Vivia um amor doentio, abusivo por essência e atribuía a sua carência a sua total falta de noção. “Eu tenho medo da solidão”, era o maior dos males que ecoava em sua mente. “Por favor, não me deixe” “Eu prometo que daqui para frente, tudo será diferente”. A dor da perda não era algo que ele aceitaria, sentir que já não estava no controle da situação, tão menos.
Seu vazio era preenchido por uma garota mais iluminada que a luz da lua cheia, capaz de levar luz a sua mente perdida. Ela era o conforto, alegria e tudo que ele precisava ter. Mas um dia ela quis ir. Ir embora, pois não era capaz de suportar a pressão desse relacionamento destrutivo. Não aguentava ter sua liberdade drenada, não aguentava ter seu sorriso domado e sua vida controlada. Um dia ela simplesmente cansou-se e foi embora.
Até um dia, havia sangue nas mãos do homem, a dor da perda de um amor tornou-se a perda de sua liberdade e consciência, selado a sangue estava seu destino. A falta de compreensão do que é o amor o levou a um comportamento doentio, que minou e fez sangrar seu raio de luz. A lembrança do momento de fúria retorna como navalha, o corta todos os dias, viu aquele rosto meio com uma expressão de pavor e suas mãos algemadas. Uma forma bizarra de amar, uma forma doentia de amar. O destino de ambos, selado.
“Os vizinhos relataram constantes brigas” “Ouviram gritos” “Chamaram a polícia”. Tarde demais para a pobre garota. Tarde demais.


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Doçura

terça-feira, dezembro 15, 2015 Fernanda Alves 0 Comments



Talvez seja apenas esta tua doçura
Que para meus males, torna-se cura
Talvez seja apenas esta tua ternura
Que nem eu e nem o tempo mensura
Essa sensação de secura
Que minha boca censura
Que minha mente conjectura
Que cogita se por ventura
Possas adoçar minha amargura?

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Bier

sexta-feira, novembro 20, 2015 Fernanda Alves 0 Comments



Sob o sol ardente do meio Oriente
Eis que algo surgiu de forma inexperiente
Uma bebida nova, fermentada
E que por milênios será cultuada

Por monges e frades, na Idade Média preparada
Cervejas de Trigo, Cervejas Trapistas,
Seguindo o antigo método a risca
Para a tradição ser perpetuada

A longa viagem à Índia,
A Palle Alle Inglesa não podia suportar
Uma dose extra de lúpulo acrescentar
Para que o produto a seu destino possa chegar

A grande "Mass" virar
Os hinos de uma Oktober relembrar
Ainda sinto seu sabor em minha boca
Um único gole, e já me deixaste louca

Uma simples mesa de bar,
Ao lado de amigos quero estar
"Garçom, traga mais uma! Pois a conversa rende"
Conversa descontraída, conversa sem hora pra acabar

Quero a tristeza trancafiar
Em forma de espuma, transbordar
Quero por meio de versos
A paixão do líquido fermentado proclamar

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Lego

domingo, novembro 08, 2015 Fernanda Alves 0 Comments


No fim somos todos caixas de Lego. No princípio, somos uma caixa fechada, cujas peças já foram pré definidas. Chamaremos essas peças de conceitos herdados, experiências pessoais e suas características inerentes ao seu ser.

Com essas peças construímos e solidificamos nossa forma de pensar e tentamos definir o que somos. Nossas peças estão ali, em cada vivência e forma de pensar.

Eventualmente, perdemos algumas peças e adquirimos novas, pois estamos em verdade em uma obra eterna de construção. Alguns conceitos, que na verdade eram conceitos pré fabricados, caem. Em inúmeros contextos somos postos em xeque pela vida e deixamos nossas peças caírem pelo caminho.
É, viver é um ato de construir, reformar e demolir. Pensamentos antigos sedem lugar ao novo, somente se você se permitir reconstruir. O processo nunca é fácil, desapegar e a parte mais difícil, se refazer por si mesmo, afogar e emergir nos seus próprios pensamentos é na verdade uma viagem sem mapa. Não poderá criar uma nova estrutura, pois as peças são limitadas, você terá que refazer tudo aquilo mal consolidado e quebrar o que não for relevante. E você terá que ser capaz de saber o que está fragilizado e pode ser concertado e o que está quebrado.


Ao quebrado, deve ser refeito e aprimorado. Ideia quebradas, sentimentos errados. Tudo isso deverá ser remondado.


Quando se der conta, perceberá que no fundo somos todos moldáveis como as peças de Lego, só precisamos saber o que construir em nós mesmos.

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segunda-feira, outubro 19, 2015 Fernanda Alves 0 Comments


...outra vez
Essa insônia me consome de vez
Como um pequeno diabinho a me cutucar
Definitivamente não irá me deixar descansar


São os mesmos fantasmas a se levantar,
E novamente, em meu ouvido sussurar
Antigos pesadelos ganham remake
E quanto a mim, protagonista nesse roteiro sem fim

O nó na garganta intalado
A mão que sente o peso da caneta
Eu, escondida nesse sorriso calado
Vejo grão a grão nessa ampulheta
Que insiste em cair

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O Equilibrista Bêbado

terça-feira, setembro 22, 2015 Fernanda Alves 0 Comments





Sou deveras atrapalhada, em minha tentativa frustada de equilibrar taças. Numa música longa, de compassos quebrados que me forçam a mudar o ritmo de conduzir minhas taças. Como um garçom novato, que tremula ao levar mais taças, que sente o arrepio de servir o melhor vinho da casa e teme derrama-lo, assim sou eu, temo o desperdício daquele mesmo vinho que há tempos está envelhecido.


"Uma taça" e mantenho os olhos fixos a ela
"Duas taças" e procuro distribuir os pesos
"Três taças" Já sinto a responsabilidade
"Quatro, cinco, seis" 

Plaft! Ouço o estilhaço, me corto e sinto o sangue escorrer. Quebro taças, quebro a cara e perco tudo que levava. E a bebida se perde ao chão...
Como um equilibrista bêbado tendo conduzir minhas taças, no bar da vida, ora lotado, ora as moscas.
Não quero perder nenhuma gota, mantenho o olhar fixo e assim levo minhas taças, seguro neste descompasso, nessa dança louca de procurar o equilíbrio das coisas. Desdobro-me em cada deslize, estremeço em cada chacoalhar, e procuro pisar firme, mesmo que sinta que piso no gelo. Equilíbrio meu eu, minha vida e responsabilidades, feito um bêbado, caindo uma, pegando do chão outra e a vida que se segue... Limpado os cacos!

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Magma

quarta-feira, setembro 16, 2015 Fernanda Alves 0 Comments





Sou esta crosta espessa, apesar de sua grande dureza, traz em si as ranhuras do seu passado. Essa fatia endurecida e esfriada ao longo do tempo, apenas uma casca onde a vida pode acontecer.

Essa crosta que traz meus erros e defeitos, meu sorriso e alguns devaneios. Representa o meu falar compassado, em rimas controlado e em notas arquivado e predito no tempo. E os oceanos? Onde a ternura se esconde, a empatia te conduz e em leitos profundos meus medos acolhe. Observe a água e relíquias encontrará.

Em curvas de tensão, vulcões adormecidos e sentimentos esquecidos esperam o momento de transbordar tudo aquilo, ali dentro, há anos contido. Com violência, dizer o que deve ser dito e fazer o que deveria ter sido feito.

Magma, meu mar de sentimentos derretidos, esquecidos e de memórias corroídas de uma alma solitária, que ainda não aprendeu a arte de expressar-se. Em íons dissolvidos, ferro fundido e dores passadas, a pressão interna, outrora contida, insiste em transbordar.

Magma, por que vens a mudar minha crosta? Por que vens mudar minha face e expelir o que jaz ali dentro. Magma, no que me queres moldar?

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O triângulo de pensamentos: A mente, o coração e meus devaneios

quarta-feira, agosto 12, 2015 Fernanda Alves 0 Comments


Não acredito que sofra de transtorno bi(ou será tri)-polar, em verdade minha mente é imprevisível. Sinto que em mim há duas facetas principais e uma pequena cria de demônio a espreita, esperando lapsos de total descontrole para rebelar-se.
Digo então que sou formada e controlada por dois setores de mim mesma: A razão e a emoção. Você deve se perguntar, onde está o terceiro? O terceiro é a minha própria loucura contida. As vezes sinto que ela é filha da emoção, totalmente irracional e sem o senso de medir o perigo. Desta forma concluo que "minha central de controle" é determinada por três personalidades distintas: O cientista, em sua busca da razão; a donzela em busca de emoção e por fim um bobo da corte, um coringa escapista que deve ser mantido sob cautela. 
A racional calcula cada passo, se organiza, estabelece metas,  além de  extremamente analítica. Não dá um passo sem ter a firmeza necessária, não gosta de errar o alvo e acima de tudo: não desperdiça o dardo. Talvez nessa necessidade de firmeza, perde o momento de agir, pois a vida não é regida sob uma lógica booleana, ela é mais complexa. E quando percebe que a certeza não é uma grandeza absoluta, percebe a burrada descarada cometida e se martiriza com "E se...". Tempo depois avista uma nova tarefa, uma nova atividade e se empolga novamente com mil planejamentos e metas e mal percebe que no meio do caminho ela cria sonhos e libera a doente de paixão...

... A donzela apaixonada, o paladino em campanha em sua tentativa frustada de ser um "Lawful Good", quando em essência é Neutral. A emotiva é antes de mais nada frágil. Tem a empatia de perceber a dor do outro e se apavora quando não há nada o que fazer. Toma emprestado a inteligência da áurea racional em uma tentativa de entender o ser humano e suas dores. Falha miseravelmente em entender dores que não são as suas e novamente quebra-se. Mantém-se presa e cativa ao olhar analítico da razão, que esfrega e lista todas as vezes que agiu como uma tola e por este motivo se mantém refém e cativa. Presa em ideias e conceitos, presa em sentimentos e fantasmas antigos, sussurrantes em seu ouvido. É capaz de sentir cada uma das feridas de sua alma, sabe quando latejam em noites frias e perde-se em suas lembranças. Quando ela assume, poderá agir de forma espontânea, sorrir ou chorar é apenas uma questão de perspectiva. Quando ri, ri sem parar até o riso se esvair e chorar de tanto ri. Quando chora, as lágrimas deslizam devagar e salgam meu rosto. No passado já deu muito valor a palavra alheia, entretanto subtamente começou a ouvir um sussurro de sua própria mente: A louca a seduzindo e dizendo: Você é um pássaro com medo de voar, vá em frente e tape os ouvidos a toda essa gente.

A LOUCA...
Cuidado com ela: Ela a todo momento esta disposta a testar novos limites. Ela pode desligar sua razão temporariamente e viver apenas no calor da emoção. É aquela que te faz rir e sorrir para o aletório e não temer as sombras da vida. Por preocação, a razão a prendeu e eventualmente a tola emoção dá assas a loucura: Pronto, criamos um pequeno monstrinho!

Vivo nesse descompaso, em viver meus devaneios. 
Vivo procurando por sabedoria, saber quando agir mesmo na emoção
Vivo querendo aprender a amar, aquele amor que não dói
Vivo como um bêbado tentando se equilibrar
E se distorcer no espaço...


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Fogo

quarta-feira, julho 29, 2015 Fernanda Alves 0 Comments

Eu já fui beijada pelo fogo, já pensou imaginar
Uma vez, quando meu espirito indomável
Libertava-se feito fagulhas a crepitar
Um sentimento inefável

Mas a chama se apagou
O calor emanado cessou
A lágrima escorreu
E um grito-mudo se abafou

Silêncio...
Daqueles gélidos de romper a noite
Medo...
Daqueles intensos de roubar-lhe o sono

A esperança a tempos perdida
Como a lua a refletir o sol
Banha-se novamente

Uma chama ardente de puro calor
Inflama, queima e arde com certeza
E de repente aquele terror
Torna-se uma nova fortaleza

...E o fogo torna a beijar-me novamente,
intensamente!

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