Magma

quarta-feira, setembro 16, 2015 Fernanda Alves 0 Comments





Sou esta crosta espessa, apesar de sua grande dureza, traz em si as ranhuras do seu passado. Essa fatia endurecida e esfriada ao longo do tempo, apenas uma casca onde a vida pode acontecer.

Essa crosta que traz meus erros e defeitos, meu sorriso e alguns devaneios. Representa o meu falar compassado, em rimas controlado e em notas arquivado e predito no tempo. E os oceanos? Onde a ternura se esconde, a empatia te conduz e em leitos profundos meus medos acolhe. Observe a água e relíquias encontrará.

Em curvas de tensão, vulcões adormecidos e sentimentos esquecidos esperam o momento de transbordar tudo aquilo, ali dentro, há anos contido. Com violência, dizer o que deve ser dito e fazer o que deveria ter sido feito.

Magma, meu mar de sentimentos derretidos, esquecidos e de memórias corroídas de uma alma solitária, que ainda não aprendeu a arte de expressar-se. Em íons dissolvidos, ferro fundido e dores passadas, a pressão interna, outrora contida, insiste em transbordar.

Magma, por que vens a mudar minha crosta? Por que vens mudar minha face e expelir o que jaz ali dentro. Magma, no que me queres moldar?

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