O Equilibrista Bêbado

terça-feira, setembro 22, 2015 Fernanda Alves 0 Comments





Sou deveras atrapalhada, em minha tentativa frustada de equilibrar taças. Numa música longa, de compassos quebrados que me forçam a mudar o ritmo de conduzir minhas taças. Como um garçom novato, que tremula ao levar mais taças, que sente o arrepio de servir o melhor vinho da casa e teme derrama-lo, assim sou eu, temo o desperdício daquele mesmo vinho que há tempos está envelhecido.


"Uma taça" e mantenho os olhos fixos a ela
"Duas taças" e procuro distribuir os pesos
"Três taças" Já sinto a responsabilidade
"Quatro, cinco, seis" 

Plaft! Ouço o estilhaço, me corto e sinto o sangue escorrer. Quebro taças, quebro a cara e perco tudo que levava. E a bebida se perde ao chão...
Como um equilibrista bêbado tendo conduzir minhas taças, no bar da vida, ora lotado, ora as moscas.
Não quero perder nenhuma gota, mantenho o olhar fixo e assim levo minhas taças, seguro neste descompasso, nessa dança louca de procurar o equilíbrio das coisas. Desdobro-me em cada deslize, estremeço em cada chacoalhar, e procuro pisar firme, mesmo que sinta que piso no gelo. Equilíbrio meu eu, minha vida e responsabilidades, feito um bêbado, caindo uma, pegando do chão outra e a vida que se segue... Limpado os cacos!

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